Há um conflito silencioso entre as correntes de pessoas adeptas de pregações com movimentos, barulhos e espetáculos, com aquelas que gostam de conteúdo, mensagens estruturadas e aplicabilidade na sua vida.
Há uma grande confusão entre avivamento e manifestação do Espírito Santo com barulho, teatro e artistas de púlpito que produzem movimento, ações espetaculosas e frases de efeito que produzem apenas movimento.
Para quem tem dúvidas, é simples entender a diferença entre ambos: Observe os frutos, que mudanças produz nas pessoas, além da expressão emocional, simples assim.
Hoje é comum para os mais esclarecidos e experientes perceberem as atuações teatrais sobre púlpitos, as encenações com lenços e as ridículas toalhinhas bordadas, potencializadas com uso descarado de técnicas de domínio de auditório bem treinadas, movimentos sem sentido, profetadas, pregadores de uma mensagem só e de conteúdo pobre, senão vazio.
A razão desses movimentos frutificarem é que o pentecostalismo no Brasil cresceu e se propagou entre pessoas simples da área rural e periferia das cidades, que pela característica cultural, não opunham nenhum filtro ao que ouviam na igreja ou de seus pregadores e isso potencializou o conceito de que movimento, barulho e gritos são frutos de despertamento espiritual ou de unção do pregador, conceito que até hoje é robusto nessas igrejas e movimentos que se deixam dominar pelo emocionalismo que foi tão enraizado na corrente pentecostal e que produzia muitos frutos quando a sociedade brasileira mantinha predominantemente o perfil da simplicidade do povo.
Com o passar dos tempos, os filhos das pessoas simples que formaram essas igrejas e movimentos, tiveram acesso a informação e educação superior, estudo teológico, internet, mobilidade da informação e com isso, o senso crítico e a demanda por conteúdo consistente teve uma ascensão exponencial formando a classe média do conhecimento, que se descolou do nível econômico. Como algumas igrejas e pregadores não perceberam isso ou ainda não tiveram tempo de se preparar para esse novo perfil, hoje caminham e amargam na letargia e no esvaimento da sua membresia que sai ou agoniza em suas fileiras em busca de alimento de qualidade.
O espaço para performances desse tipo já acabou, apenas alguns não perceberam ainda e submetem as pessoas a esses espetáculos que são oportunizados pelo excesso de festas e de pessoas que de sua simplicidade deixam-se ser exploradas no ambiente abstrato da fé e da esperança. Quem não tem comida de qualidade à mesa é obrigado a comer o que lhe é servido, mas com o tempo a desnutrição crônica aflora e a doença fica exposta e conjuntamente encaminha a morte da instituição.
Evangelho de verdade e a mensagem de qualidade produzem frutos e mudança de vida! A nutrição é permanente e saradora de feridas, independente se foi produzida no terreno do movimento, ou nas silenciosas reflexões recheadas de conteúdo, unção e aplicação prática na vida de quem ouve, o importante é que sua origem saiu do coração de Deus e não da mente treinada de um homem ou de uma estratégia para exploração da emoção dos incautos irmãos que em sua simplicidade acreditam ainda que uma sopa rala de padrão hospitalar é o melhor banquete.
Pr. Eroni Fernandes