A falsa idéia de que um missionário é um homem sofredor, beirando a miserabilidade é um câncer que se abate sobre muitas igrejas que não dão o devido valor à obra missionária!
Fazer missão, seja local, nacional ou transcultural não é algo opcional, é razão da existência da própria igreja e homens que se dispõem a deixar sua vida, conforto, família cultura e tudo mais, deveriam ser no mínimo mais respeitados, se não honrados, pois os que vão, não amam essa honra nem o conforto, mas sim as almas perdidas que precisam ser alcançadas e não fazem contas das renúncias, desafios e dificuldades, simplesmente vão porque atendem ao chamado!
Desde muito cedo, tive várias experiências com missões e após muitas viagens ao campo missionario, no Brasil e no exterior, sou obrigado a viver momentos revoltantes com o que vejo acontecer com igrejas que se dizem missionárias.
Certa vez em Buenos Aires ao andar pelas circunvizinhanças do centro, vi pelo menos 5 placas de igrejas Assembléia de Deus, ministério daqui, dali, este, aquele, etc., alocados em imóveis modestos, para não se dizer inadequados, com missionários miserabilizados tentando evangelizar os Argentinos, que sabidamente são um povo que culturalmente prezam as coisas bem feitas e dificilmente frequentariam lugares como aqueles. Qual foi a minha surpresa quando numa rua mais central me deparo com um majestoso prédio da Igreja Universal do Reino de Deus, cheio de gente, o que me fez parar e, em agonia pensei: QUE TIPO DE MISSÃO ESTAMOS FAZENDO?
Em uma análise mais fria, é fácil entender porque a maior igreja evangélica brasileira, de origem e vocação missionária, ainda faz missão pobre em recursos e em estratégia pelo que certamente está em débito com Deus, primeiro pela sua responsabilidade como igreja, mas também pelo presente que ele deu a esta nação enviando homens que revolucionaram a evangelização desse país.
Os pontos enumerados a seguir, mostram um pouco das razões que levam a esse tipo de pensamento e omissão missionária da igreja brasileira:
- Investimentos fabulosos em construções, reformas e outros imóveis são feitos do caixa principal da igreja, mas investimento missionário tem um caixinha a parte, afinal, a missão da igreja é imobiliária ou missionária? As ofertas e dízimos são para empilhar tijolos ou ganhar almas e expandir o Reino de Deus?
- Festas de arromba, com gastos estratosféricos para as possibilidades da igreja, com pregadores, cantores, uniformes, decorações e agora até pirotecnias e que acontecem com frequência incrível e para isso, se tem recursos, mas para uma oferta missionária é uma verdadeira mendicância!
- Um pregador, para falar apenas uma vez, ou mesmo só fazer seu teatro particular, exibir sua toalhinha ou atirar seu lencinho sob o púlpito, por apenas 40 minutos ou uma hora, sob ar condicionado e conforto dos melhores hotéis, recebe uma oferta maior que o ganho mensal de um missionário que renunciou tudo, vive riscos diariamente e dá sua vida pregando num país distante. Que sendo de justiça é esse?
- Igrejas que assumem compromissos com missionários e depois não cumprem sob alegação de estarem construíndo, fazendo isso ou aquilo, mas e o compromisso, a palavra dada, vale o que? E qual é mesmo a missão principal da igreja? Como são definidas as prioridades?
- Os salários, ou rendimentos dos obreiros locais são prioritários porque saem do caixa principal da igreja, mas o dos missionários atrasam porque dependem do minguado caixa de missões. Pera aí…aqueles que estão na sua cidade, ao lado de suas famílias, tem com quem se socorrer financeiramente recebem primeiro? E os missionários que muitas vezes nem banco tem na sua cidade e precisam se deslocar varias vezes para receber fracionado! Que senso de prioridade é esse?
- Expedições e caravanas missionárias de pastores para o exterior custeadas pelo caixa da igreja, que custam mais que um ano do investimento na missão visitada. Ah, as comprinhas e o turismo sempre fazem parte do “aproveitamento” da viagem.
- Uso de cenas e emocionalismo com fotos, vídeos e depoimentos que emocionam ofertantes para captar recursos volumosos que nunca chegam em sua totalidade ao campo missionário e são desviados para outros destinos da igreja, cujos ofertantes nunca tomam conhecimento disso. Se todos os recursos levantados fossem investidos realmente na obra missionária efetiva, o mundo ja havia sido impactado pelo evangelho de Cristo.
- Pastores reconhecidamente merecem conforto, carros bons, etc., mas se este sair do país e estiver no campo missionário e tiver um carro confortável para atender suas necessidades, a igreja corta imediatamente suas remessas de ofertas, independente dos frutos que venha dando. Quem realmente merece e precisa ter condições mais favoráveis, o pastor local ou o Missionário?
Ficam perguntas que eu tenho as respostas, mas delego a cada leitor respondê-las em suas consciências!
Melhor parar por aqui porque senão terei que clamar mais uma vez a Deus por justiça e ao mesmo tempo misericórdia sobre esses homens que tomam e cultivam esse tipo de decisão, acham certo e ainda execram quem se posiciona ou ousa falar contra. Isso ainda não é tudo que já vi e que coisas como essas me levaram ao extremo de pedir desligamento de uma igreja milionária, com patrimônio incalculável, muitos milhões em caixa, aquisições imobiliárias gigantescas, mas com membresia assumidamente diminuindo, e pasmem, o orgão responsavel pelo evangelismo do campo, numa das maiores cidades do país, tinha uma verba livre de pouco mais de um salário mínimo para custear suas ações.
Me posicionar assim custa caro, mas nenhum preço é alto se a razão é nobre e se falar a verdade. Se pelo menos um homem temente a Deus refletir e mudar alguma dessas coisas em qualquer lugar, ou tomar outras decisões e REDIRECIONAR O FOCO para fazer melhor a missão da igreja, afinal é para isso que ela existe, não é para festas, viagens, conforto, muito menos para ser incorporadora imobiliária!
Que Deus revele ao coração dos homens a verdade do seu amor, de seu propósito e não os deixe ultrapassar o limite de sua graça e misericórdia!
Pr. Eroni Fernandes
Uma grande verdade!!!
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Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que fossem exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?
Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado.
Porque os irmãos que vieram da Macedónia supriram minha necessidade, e em tudo me guardei de ser pesado e me guardarei.
2 coríntios 11;7-9
A igreja primitiva cresceu com a coleta de muitos irmãos para mantimento das viagens missionárias e suprimentos de irmãos carentes.
E hoje como tem sido tratados os missionários, que renunciam suas vidas, para pregarem e viverem pelo evangelho???
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Pois é! Estou vivendo este conflitante dilema…
Queria entregar minha vida à missão, Deus tem me chamado e me cobrado. Sou da AD Belém, e como disse o artigo, de forma brilhante, não vejo condições de me arriscar com minha família, sabendo que seria simplesmente abandonado.
Meu Deus que triste! Minha alma chora. Por que isso? Não sei mais o que faço, Vou orar, orar e orar… E ver se Deus intervém no meu impossível.
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