Parece ser só uma brincadeira, mas a dura realidade é que há um conceito generalizado no Brasil que uma igreja é um ótimo negócio, a ponto de suscitar frases jocosas como pequenas igrejas grandes negócios, ou simples brincadeiras que dizem que o melhor mesmo é montar uma igreja que é mais fácil ganhar dinheiro.
O pior é que quem pensa assim tem motivos substanciais para formar esse conceito, pois o mau exemplo dado por alguns líderes evangélicos presentes na mídia ou mesmo anônimos notadamente dão essa impressão, quando dão todos os sinais que usam a igreja para conquistar coisas para si, e enriquecerem, alguns chegando a ter mansões nababescas, aeronaves milionárias, e outros mesmo em menor dimensão levam uma vida que contribuem muito para a formação desse conceito. Isso não fica restrito ao meio evangélico, são públicos e notórios também os casos no Vaticano por exemplo, de disputas por bens e riquezas além dos escândalos e acontecimentos internos nessa área que nem sempre são de conhecimento público.
Não é necessário gastar tempo algum para escrever dizendo que uma igreja deveria ser totalmente o contrário disso pois quem a lidera, ou qualquer pessoa que se presta a servir ali, deve ser exemplo de auto doação pela causa do evangelho e principalmente das pessoas que ali buscam praticar sua fé e jamais deve tirar proveito próprio da sua função ou da instituição pelas características que esta deve ter e pela missão tão nobre que uma instituição religiosa deve cumprir.
A realidade é que igreja é um lugar apropriado para enganar pessoas porque debaixo da representatividade de respeito que uma igreja tem implícito em si, há a oportunidade de se explorar conjuntamente o medo, a fé e a ganância das pessoas e essa combinação explosiva, é perfeita para quem quer tirar proveito, pois trata da fé, que em conceito geral é abstrata mas que fomenta em si a esperança de pessoas, que fragilizadas, com medo e também pela ganância natural que há em cada um de nós, cria um ambiente onde se imagina que é possível resolver problemas, conquistar coisas e também enriquecimento, tudo por caminhos mais fáceis, com menos esforços e menos dolorosos que na “vida real”. Nessas situações, as pessoas e se tornam alvos fáceis para serem exploradas financeiramente alimentados pela distorcida e famigerada “teologia da prosperidade” formando um conceito de um “deus” garçom que sua função é servir os homens realizando seus desejos e resolvendo seus problemas.
Essa distorção da função da igreja presta um enorme desserviço ao evangelho e cria barreira para pessoas mais intelectualizadas a ouvir o evangelho, pois facilmente generalizam o conceito, resultando numa situação que mesmo as instituições sérias acabam pagando pelas demais.
Felizmente há o lado bom de tudo isso, onde pessoas que mesmo nesses ambientes distorcidos acabam conhecendo a Cristo experimentam uma mudança de vida e por si só se encaminham muitas vezes procurando ambientes mais saudáveis para viverem sua experiência de fé, ou mesmo formando a classe que mais cresce no Brasil que são os evangélicos sem igreja (veja aqui artigo sobre o tema)
É importante não finalizar este artigo sem ressaltar que o rótulo em discussão é causado por poucas instituições, mas o Brasil tem muitas igrejas sérias que pregam o evangelho verdadeiro e cumprem sua missão, pois a igreja verdadeira não tem nada a ver com isso, ela foi instituída por Cristo sob o conceito de corpo para cumprir sua missão de disseminar a causa do evangelho pelo mundo, levando as pessoas a Cristo. Mesmo que homens distorçam sua função, que se aproveitem disso, a igreja sempre vai cumprir sua função porque ela não pertence a homens, ela é de Cristo e mesmo que homens tentem, ela sobrevive acima dessas distorções pois o evangelho é, e sempre será o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê em Cristo.
Pr. Eroni Fernandes
Novos Reformadores 