Não conseguir reter em seu rol de membros os filhos de sua própria membresia é o pior sintoma do começo do fim de uma instituição religiosa.
A gravidade disso é materializada quando, tanto os pais quanto os líderes aceitam com passividade e convicção essa evasão. Isto ocorre porque provavelmente podem estar defendendo a tradição de sua denominação e condenando a “infidelidade” dos jovens como algo natural, fruto da “rebeldia” dos jovens e nos casos mais pitorescos, como fruto da “purificação” da igreja. Entendem que esse é o processo para se livrar daqueles que querem trazer modernismo para a sua comunidade.
Já pelo ponto de vista dos jovens, isso é a busca por um ambiente mais aderente à sua idade, cultura e até nível intelectual e fruto de alguma insatisfação, inanição espiritual e anseio por coisas melhores e mais consistentes.
Nas igrejas mais tradicionais esse comportamento é traduzido e rotulado por rebeldia ou algo similar, e que a saída de jovens é algo natural e rotineiro que aceitam passivamente e poucas vezes resultam em alguma análise ou autocrítica ou até em ações efetivas para reverter esse movimento e tentar criar um ambiente mais aderente aos conceitos de vida da atualidade, sem agredir os preceitos doutrinários, que sim, são imutáveis.
A evasão dos mais jovens, além de envelhecer a membresia, empobrece a evolução do pensamento da igreja, porque a renovação não é necessária apenas pela idade, mas principalmente pela geração de mentes mais avançadas e conhecedoras da linguagem e da cultura da atualidade, tão necessárias para manter uma igreja viva por longo tempo através da melhor adaptação da atuação da igreja à geração do momento e o melhor cumprimento de sua missão de evangelizar e ser relevante para o Reino de Deus na geração presente!
Ao perder o ritmo de renovação, uma instituição religiosa envelhece, fortalece o tradicionalismo, perda a fertilidade e começa a trilhar o seu caminho de morte. Quando a liderança aceita isso como algo natural, primeiro está desfocada de sua função e principalmente da sua missão, depois, o fato de não sentir o peso dessas perdas demonstra que perdeu a sensibilidade e o amor cristão que devem estar presentes na vida de qualquer líder cristão, pois sem amor pelas almas e sem a vocação de busca pela ovelha que se desgarra, uma liderança simplesmente perdeu a noção da essência do evangelho.
A igreja precisa dos jovens. Para isso deve envidar todo esforço necessário para que eles permaneçam, muito embora as vezes eles realmente são rebeldes, mas para entender isso, é só aquela pessoa que está na posição de juiz, olhar para sua própria juventude e a dos líderes atuais da sua igreja, para perceber que a história se repete: O jovem rebelde de hoje é o pastor dedicado do amanhã! Não zelar deles e aceitar perde-los, é não ter sentimento cristão e pastoral, mas é muito mais uma demonstração de hipocrisia, porque desde sempre o jovem precisa ver as coisas com um olhar diferente e o exemplo disso está gravado na história de cada um de nós que já viveu para saber o que é juventude e a diferença da maturidade.
Pr. Eroni Fernandes